segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Futebol Holandês e Argentino - Retrospectiva dos Últimos Anos (2ª e última parte)

Lembram-se do Europeu de 2000 em que a selecção portuguesa perdeu com a França na semi-final com um penalty de Zidane? Pois é, na outra semi-final a Holanda também perderia com a Itália nos penaltys.

A equipa, a jogar em casa, tinha como treinador Frank Rijkaard e legitimamente tinha como objectivos a conquista da competição. Os holandeses jogavam com a qualidade individual dos jogadores mas não com a envolvência e dinâmica tipicas do fútebol holandês. Na altura Davids, Seedorf, Frank de Boer, Kluivert eram obviamente provas de qualidade individual. Mas isso não chegou.

No ano de 2002 a Holanda não se qualificou para a fase final do mundial da Coreia-Japão. O fútebol modesto praticado no Euro 2000 não iria comparecer no campeonato do oriente. Entretanto surgiu nessa competição uma selecção de fútebol espectáculo mas que se revelou incapaz de alcançar resultados: A Argentina de Bielsa.

Lembro-me muito bem de olhar para o desenho táctico de Bielsa e de entrar em euforia: a Argentina jogava com 3 defesas, um no meio e dois de cada lado bem disperssos, três centrocampistas a trabalhar e a criar no meio e por fim um quarteto sem complexos nenhuns de atacar: 2 extremos e dois avançados no meio! A selecção acabaria por ficar em terceiro no grupo, atrás de Suécia e Inglaterra, mas aquela forma descomplexada e ampla de jogar ficaria na minha memória.

Em 2004, no nosso país, foi a vez da Holanda. Mas neste caso, de voltar a jogar bem, em 4-3-3 e onde se iria revelar um tecnicista fantasista que iria dar de falar: Arjen Robben. A equipa era treinada por Dick Advocaat e jogava, não sempre, um fútebol digno da escola Holandesa. Apesar de tudo iriam acabar por cair às mãos de Portugal e a sua vibrante selecção, nas semi-finais da competição.

Chegamos a 2006 na Alemanha. As selecções da Argentina e da Holanda estão em grande forma. Os alvi-celestes são treinados por Pekerman, um treinador conhecido pelo seu trabalho nas camadas jovens argentinas. A equipa tinha em Riquelme o grande impulsiondaor de jogo. Jogavam ainda num jogo apoiado com Cambiasso, Mascherano e até o nosso conhecido Lucho González, Na frente Tevez e Messi eram dos que impunham mais respeito. Quem não se lembra da maravilhosa exibição contra a Sérvia-Montenegro em que ganahram por 6-0 com um golo de Cambiasso precedido de 20 e alguns toques na bola? A equipa acabou por ser eliminado no entanto pela selecção da casa, a Alemanha, e em penaltys.

Quanto à Holanda, o destino acabaria por voltar a cruzá-la com a nossa selecção portuguesa. Comandados por Van Basten voltaram a jogar o fútebol total. Gio van Bronckhorst, Sneijder, van der Vaart, van Persie ou Robben foram todos preponderantes no fútebol cararteristico holandês. Iriam caír mais uma vez com Portugal nos oitavos de final mas onde o que contou foi a vontade e paixão dos portugueses porque em termos de qualidade de fútebol, a Holanda foi bem superior.

A Argentina viria em 2007 a participar na Copa América na Venezuela. Fez jogos de golos e espectáculo mas iria perder para o maior pragmatismo brasileiro na final. Heinze, Cambiasso, Tevez e Messi foram estrelas.

A Holanda continua com Van Basten ao comando e joga no próximo ano o Euro 2008. Com juventude de qualidade espera-se um bom campeonato para a Holanda. E o melhor de tudo é que está quase a chegar esse momento de vermos a competição em acção.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Paços de Ferreira: Um "Pequeno" Diferente

Hoje resolvi falar sobre um pouco do nosso futebol. Mais especificamente sobre uma das equipas com menos mediatismo do nosso campeonato, o Paços de Ferreira.

Confesso que a maior parte dos jogos que vejo e em que participam equipas com menos expressão, é quando estas defrontam os grandes. No entanto já espreitei algumas das transmissões da Sport TV que incluíam equipas do meio e fundo da tabela classificativa portuguesa.

Há bem pouco tempo, por exemplo, visualizei uma parte do Belenenses contra o Estrela da Amadora no Restelo. Vi um jogo atabalhoado, com fracos passes, cortes e remates. Às vezes chega a ser estranho ver tão fraco espectáculo, técnico e táctico, se comparado com outros campeonatos europeus, nomeadamente o inglês, o espanhol e o italiano.

Gostava no entanto de fazer aqui um elogio a uma equipa que há já vários anos mantém uma coerência ao nível do bom futebol jogado. Essa equipa é o Paços de Ferreira de José Mota.

Repare o(a) senhor(a) leitor(a) que esta equipa de amarelo tem-se mantido na nossa primeira liga enquanto outros, muito mais ricos, têm andado na corda bamba das divisões. O ano passado chegou, inclusivamente, ao merecido prémio das competições europeias, onde se bateu com classe e dignidade com uma equipa que esteve quase a ser campeã holandesa, o AZ Alkmaar.


O Paços de ferreira joga partindo do principio de que o jogo futebol é acima de tudo para ser bem interpretado. O seu treinador faz questão de que as suas peças no campo se mantenham fiéis a um espectáculo que qualquer amante do bom futebol gosta de apreciar: jogadores que passam e recebem bem, futebol apoiado, tabelas e envolvimento atacante.

E não esqueçamos quantas vezes o Paços tem batido o pé aos grandes nos últimos anos, se não em resultados, muitas vezes em qualidade de jogo. E eu que sou do Sporting, sei que isto tem sido verdade…

E tudo isto com jogadores que no principio das várias épocas mal se conhecem…

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A Táctica e os Jogadores: Inglaterra e Itália

Tenho visto vários jogos. Vi selecções, campeonato de Itália, Inglaterra e Portugal. Com diferenças e caracteristicas diferentes, de todos os jogos de vi, dediquei-me a três grandes factores: a cultura futebolistica de um país, as tácticas utilizadas e por fim os grandes protagonistas, os jogadores.

O que eu chamo cultura futebolistica é o modo como o jogo e o próprio espectáculo é encarado. Por exemplo: Em Inglaterra o jogo é velocidade e paixão, dureza mas fair-play. O campeonato rege-se por uma envolvente organizativa muito clara em que os jogos, os horários, as conferências de imprenssa, enfim, as regras, são explicitas e cumpridas.

Em relação às tácticas o que se utiliza mais neste campeonato é o clássico 4-4-2 clássico, com algumas excepções, como é o caso do Manchester United, que joga várias vezes com 5 médios, divididos entre organizadores (Andersson, Carrick, Hargreaves) e médios-avançados (Ronaldo, Giggs, Rooney, Nani).

Os jogadores em Inglaterra estão preparados para jogar no tal 4-4-2 clássico mas é aqui que, por exemplo, os jogadores do United proporcionam a diferença. Eles permitem que a táctica clássica se transforme numa rede de mudanças de posição e velocidade, assim como incursões dos extremos para o meio ou outras movimentações.

Apesar das contratações do Manchester terem este tipo de jogo já idealizado, este caso prova que os sistemas dependem, e muito, das caracteristicas dos seus jogadores.


Já em relação a Itália, o que vejo em termos de cultura futebolistica é um jogo elegante, pausado, organizado mas um pouco lento. Em relação à organização da Liga, não conheço muito, mas acho que as noticias que nos vão chegando são testemunhas de alguma onda negativa, desde as greves, as guerras, enfim, as polémicas...

Tacticamente, penso que em Itália são usuais o 4-4-2 ou um sitema de 3 centrais, como o 3-5-2. Os jogadores não fazem da velocidade a sua principal arma, a bola corre por eles, que estão organizados e dispostos numa determinada táctica.

Os futebolistas estão assim preparados para jogar desta forma em Itália. Por isso, artistas como Pirlo, Rui Costa, Maldini, Cannavaro, Totti são exímios no posicionamento, em jogar de cabeça levantada e passe no pé.