Ontem estava a chover quando cheguei ao estádio. A chuva era incerta, leve e obliqua, aquela que nos molha vinda de todos os lados. Depois de entrar, já em ambiente seco, reparei nas calças encharcadas. Apesar do chapéu, a chuva tinha-me apanhado. Já nas bancadas, meio despidas, meio molhadas, o relvado dispunha-se a contribuir para um jogo rápido e consequentemente frenético. O apito inicial soou. Os jogadores de ambos os lados correram atrás da bola, defenderam e atacaram e todos pareciam alhear-se da chuva que por vezes chateava os espectadores. O primeiro golo apareceu e com ele a primeira manifestação de alegria. A confiança subiu e as pinceladas de bom futebol tornaram-se frequentes no tapete verde, ainda rápido e ainda em bom estado. Outro golo surgiu e as emoções eram agora mais visíveis do que nunca. O árbitro apitou para o intervalo e os corações acalmaram. Era tempo de esticar as pernas e de beber uma bebida quente.
Com um fôlego renovado, a segunda parte começou. Numa noite húmida e escorregadia, o conforto da vantagem ainda estava presente. Mas tal como a chuva nessa noite, obliqua e incerta, o sentido do jogo foi a pouco e pouco mudando. Apareceu o primeiro golo sofrido. A sensação fria da água começou a fazer-se notar ainda mais. Surgiu o segundo e, de forma incrível, o terceiro. A noite não era de confiança, definitivamente.
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