O Defeso

O defeso é um deserto. Sempre o foi, desde pequeno, desde que sigo com interesse e paixão o jogo da bola e todo o mundo que se move à sua volta. Primeiro o campeonato português, ainda pré-adolescente, depois as taças europeias e mais recentemente os campeonatos estrangeiros. Em Agosto, Setembro, o pano inicia o seu percurso até ao topo do palco e os actores começam a interpretar. Os encenadores e os argumentistas têm o seu papel no defeso, eles escolhem os elencos, o argumento para as suas peças e o tipo de público que pretendem alcançar. É isto que sempre me aguçou o interesse no Verão do futebol: Quem escolhe aqueles jogadores que mais gosto, para onde vai aquele número 10, que defesa de betão está a ser montada. Tudo isto me entusiasma porque me cria expectativas, porque dou comigo a antecipar jogadas brilhantes e conquistas grandiosas com os meus amigos e companheiros de discussão. Mas como qualquer interpretação e qualquer espectáculo é o momento em que as luzes e os olhares focam o palco que tanto nos satisfaz e faz vibrar. É aí que o efeito do todo irradia magia e desmorona muitas vezes castelos de expectativas. E nascem outros sonhos.